Um estudo realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, acompanhou os hábitos de sono de cerca de 2.900 crianças de 0 a 5 anos e, depois, voltaram a analisar o comportamento delas dois anos depois. A conclusão foi a de que a maior parte das crianças que tinha uma rotina de descanso desajustada apresentava riscos mais significativos de desenvolver problemas relacionados a déficit de atenção e a dificuldades de aprendizado na escola.
“Uma em cada três crianças têm problemas de sono e, é claro, que nem todas elas demonstraram uma performance pobre no ajuste à escola, mas o risco de os professores notarem que elas tinham dificuldades nesse ajuste era maior”, disse Kate Williams, especialista em educação que coordenou o estudo. Na pesquisa, ela ainda observou se as crianças conseguiam pegar no sono sozinhas, tinham períodos de descanso muito curtos, se tinham sonambulismo e se eram capazes de dormir novamente sozinhas, caso acordassem durante a noite.
Para a especialista, é importante que os pais façam uma higiene do sono, que inclui ajustar a hora de ir para a cama, que deve ser sempre a mesma, diminuir o uso de telas, como tablets, smartphones e televisores, criar rotinas consistentes antes de deitar e construir estratégias para acalmar, como ler ou ouvir uma música relaxante.
Se meu filho não dorme bem aos 5 anos, vai ser mais difícil colocá-lo em um ritmo?
De acordo com Rosana Cardoso Alves, neurologista da Associação Brasileira do Sono, a primeira infância é um período crucial para criar uma rotina saudável. “Isso não quer dizer que é impossível fazer uma reeducação mais tarde. É possível fazer isso até com adultos. Mas a facilidade não é a mesma”, explica a médica. “O sono insuficiente pode, sim, levar à alteração de memória, que compromete, mais tarde, o rendimento na escola”, completa.
Manoel de Nobrega, membro do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), diz que a implantação da rotina do sono deve ser iniciada cedo, por volta da segunda semana de vida da criança. “A mãe deve começar a fazer o bebê distinguir o dia da noite”, afirma o médico. E se ele faz parte dos que trocam a noite pelo dia, você tem como ajustar essa bagunça.
14 coisas que você precisa saber sobre o sono do seu filho
- É importante manter um ritmo estável nas atividades da criança, principalmente na alimentação e no sono. Isso vai ajudar seu filho a entender quando é hora de fazer essa ou aquela atividade e a dar segurança e estabilidade a ele.
- Dormir cedo é importante porque, quando escurece, o organismo libera a melatonina, o hormônio do crescimento. A recomendação dos especialistas é de que as crianças devem ir para a cama por volta das 20h, todos os dias.
- Estabelecer uma rotina antes da hora de dormir ajuda a criança entender qual é o momento de desacelerar. Vale o que funcionar melhor para a família, mas é fundamental seguir os horários e a sequência das atividades, como tomar banho, escovar os dentes, colocar o pijama, cantar ou ler uma história...
- Quando estiver próximo da hora de dormir, diminua as luzes e os ruídos da casa. Quanto mais calmo o ambiente estiver, melhor para a criança, que entenderá que aquele é o momento de descansar.
- Exceto nos casos em que haja recomendação médica ou quando o bebê for muito pequeno, não precisa acordá-lo para mamar durante a noite. Espere até que ele desperte para solicitar o leite.
- Procure oferecer refeições mais leves à noite, para facilitar a digestão e o sono da criança.
- Para as crianças maiores, evite oferecer líquidos em horários próximos ao momento de dormir, para que a vontade de ir ao banheiro não ajude a despertá-las. O último copo de água deve ser ingerido, preferencialmente, pelo menos uma hora antes do seu filho ir para a cama.
- Deixar a luz acesa não é necessário e pode interferir na produção de melatonina. O melhor é deixar o ambiente totalmente escuro e, se a criança sentir medo ou desconforto, opte por uma luz mais fraca, em tom de azul, bem discreta.
- Nada de televisão, celular ou tablet antes de dormir. Os aparelhos podem deixar as crianças agitadas e atrapalhar a chegada do sono.
- Ensinar aos bebês o que é dia e o que é noite é uma tarefa que deve começar cedo, de preferência já na segunda semana de vida. Não precisa mudar a rotina da casa durante o dia. Ou seja, a família deve mantê-la iluminada e não evitar barulhos da rotina doméstica, como o telefone, as conversas, as visitas, o liquidificador ou o aspirador de pó, mesmo que seu filho esteja dormindo.
- No horário habitual do despertar da criança, abra as janelas. Faça isso todos os dias, no mesmo horário. Isso vale dos bebês aos mais velhos.
- Os cochilos também devem seguir uma rotina, sempre no mesmo horário. Geralmente, as crianças preferem fazer isso depois do almoço. Evite os horários das 9h ao meio-dia, que pode postergar a soneca da tarde, e o das 17h às 20h, que pode atrapalhar a rotina noturna.
- Nas primeiras seis a oito semanas, o bebê não consegue ficar acordado por mais de duas horas seguidas, portanto, não se deve esperar muito mais que isso para colocá-lo para dormir, pois, se ele estiver cansado demais, pode ficar irritado e sentir dificuldades para adormecer.
- Pode ser complicado, mas, mesmo aos finais de semana ou quando os pais estiverem fora de casa, a rotina deve ser seguida, conforme for possível. Procure fazer poucas exceções para a criança ter o mesmo horário de dormir e acordar. Isso transmite segurança.
Fontes: Revista Crescer
|