Quem nunca se sentiu estafado, principalmente com a rotina agitada vivida hoje? Até aí tudo normal, basta descansar e recarregamos as nossas energias, certo? Entretanto, se você há um bom tempo está desconcentrado e desanimado, é preciso ficar alerta, pois pode ser indício de uma fadiga adrenal.
Trata-se do mau funcionamento das suprarrenais, também conhecidas como adrenais, pequenas glândulas acima dos rins responsáveis, em especial, pelo controle de estresse, na síntese de hormônios como o cortisol e a adrenalina. Por ser muito semelhante a transtornos como depressão e hipotireoidismo, o diagnóstico torna-se mais complexo, além de atingir ambos os sexos em qualquer idade.
Para completar, essa fadiga é um aspecto que denomina a chamada Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), um quadro de cansaço prolongado sem motivação aparente, por mais de seis meses. Insônia, dores de cabeça e na garganta, dores musculares e articulares e, nas mulheres, inchaço em tornozelos e pernas estão também na lista de incômodos provocados.
“A manifestação de fadiga é um sintoma predominante de uma condição clínica pouco esclarecida, conhecida como SFC, que pode estar relacionada à disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Daí vem o termo fadiga adrenal”, explica Larissa Garcia Gomes, membro suplente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - regional São Paulo (SBEM-SP).
Já Fadlo Fraige Filho, endocrinologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca que a hipófise, presente na parte inferior do cérebro, produz o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que regula as atividades das suprarrenais. “É interessante enfatizar que o controle acontece de forma diuturna, ou seja, quando acordamos, todas as funções hormonais dessas glândulas estão preparadas para o decorrer do dia e diminuem ao final do mesmo. Agora, exemplificando, quando alteramos uma rotina, em profissões que exijam trabalho à noite, leva-se algum tempo para adaptação, o que pode gerar fadiga”, esclarece o médico.
Ele acrescenta que existe uma complicação autoimune mais rara, a Doença de Addison, em que as glândulas suprarrenais não fazem as quantidades necessárias de hormônios. Como tratar? Feito o diagnóstico, por meio de exames clínicos, que incluem a verificação das dosagens hormonais, o tratamento pode englobar desde a reposição de vitaminas e dos hormônios prejudicados até a prática de hábitos saudáveis, da alimentação aos exercícios físicos.
Larissa Gomes informa ainda que, no caso da Síndrome da Fadiga Crônica, outros métodos já estudados apresentaram resultados eficazes, como a terapia do exercício gradual e a terapia cognitiva comportamental. “O objetivo é mudar fatores comportamentais que seriam responsáveis pela continuidade dos sinais, com rotinas bem estabelecidas de atividade e de repouso, e gradativamente ir aumentando a atividade física e mental”, arremata a médica. Vale ressaltar que o tratamento inadequado, ou a ausência dele, compromete a qualidade de vida. O conselho é procurar um profissional capacitado, que investigará e recomendará o ideal para cada paciente.
Fonte: Revista Medicina Social
|